Outro dia ouvi de um importante empresário paulista em viagem a Brasília, em resposta a minha afirmação de que apenas uma nova condição política poderia colocar fim ao período de penúria pelo qual o Brasil vem passando, que não seria o momento para se mudar a estrutura governamental instalada no Brasil e sim o momento para ajudar o governo a sair da crise.

Ora! Ora! Que tipo de empresários são estes que deixam passar momentos tão valiosos para conseguir novas e proveitosas oportunidades de negócio?

Será que são empresários míopes? Ou, como lembrou Flávio Rocha, em entrevista ao O Estado de São Paulo na edição de 07/setembro/2015, devem ser empresários “crony” – que verbalizam as vantagens da economia de mercado aos sete ventos, mas precisam mesmo do apadrinhamento do estado para fazer negócios.

É sabido que o Brasil foi moldado dentro do capitalismo crony (Gustavo Franco, ex presidente do BACEN) no qual o apadrinhamento era a regra. Herança de um país-colônia, sem talentos treinados e capacitados. Mas passados os anos, em pleno século XXI, quando nossas bases institucionais demonstram suficiente amadurecimento, da mesma forma que a oferta de profissionais, mesmo que ainda não na qualidade necessária, mas já em quantidade suficiente para alavancar uma economia de mercado baseada na meritocracia.

Em contra partida, como base política para esta mudança de perfil estrutural, o modo de fazer política encontra-se abatido pelos recorrentes processos de financiamento espúrio que secaram a economia brasileira nos últimos anos, impondo ao país um crescimento da dívida pública, o principal viés da recessão pela qual estamos passando, impondo ao país o declínio ético e econômico, entre o ápice do populismo de consumo, ao ápice do desemprego, em apenas 4 anos.

Apoiar um governo fraco e instável, com o objetivo a curto prazo de alguns reais a mais no faturamento deste mês corrente é anacronismo. Vale muito mais o apoio político para que as pedaladas fiscais da primeira gestão Dilma Rousseff sejam julgadas, de forma séria e limpa para que, quem sabe, abra-se a possibilidade para um governo de transposição, no qual as regras de mercado saldáveis, como o fim do financiamento político por empresas, ética aplicada à vida pública, enxugamento da estrutura inchada dos governos e o reforço às agências reguladoras, em detrimento da operação estatal, abra a possibilidade para uma nova fase de bonança social.

Mas desta vez, perene, sem populismo, sem beneficiamentos fora de contexto, no qual o amadurecimento da meritocracia e do empreendedorismo faça o Brasil entrar de cabeça numa nova fase, deixando para trás sua época extrativa, marcada até o século XIX, e a época de construção institucional, do século XX. Para entrar no século do crescimento sustentável. Usando suas instituições construídas as duras penas no passado, para que o Brasil entre no século XXI como o período de crescimento sustentável real, em que mais vale o crescimento da competitividade do que alguns reais no fechamento deste mês.

Por: Luis Vicente Furquim – Diretor na Morro Verde Marketing Promocional